206 Milhões de Brasileiros Expostos no WhatsApp: Meta Demora 7 Meses Para Corrigir Falha Crítica | Tech No Logico

206 Milhões de Brasileiros Expostos no WhatsApp: Meta Demora 7 Meses Para Corrigir Falha Crítica | Tech No Logico

206 Milhões de Brasileiros Tiveram Seus Dados Expostos no WhatsApp — E a Meta Levou 7 Meses Para Agir

Seu número de telefone, foto de perfil e até informações sobre quando você está online podem ter sido coletados em massa. E você nem ficou sabendo.

Uma falha de segurança no WhatsApp expôs dados pessoais de 3,5 bilhões de usuários ao redor do mundo — incluindo 206 milhões de números brasileiros. O mais perturbador? Pesquisadores alertaram a Meta há cerca de sete meses, mas a correção só veio no mês passado. A pergunta que fica é: quantos dados já foram coletados nesse meio tempo?

A Brecha Que Expôs Meio Mundo

Pesquisadores da Universidade de Viena descobriram uma vulnerabilidade crítica no recurso de busca por números do WhatsApp. A falha permitia que qualquer pessoa com conhecimento técnico básico verificasse se um número estava ativo no aplicativo — e extraísse informações públicas associadas a ele.

A escala do problema é assustadora: foram verificados 100 milhões de números por hora. Para você ter uma ideia, isso é como se alguém conseguisse checar todos os habitantes do estado de São Paulo em apenas 27 minutos.

Dos 3,5 bilhões de números expostos globalmente, 57% tinham fotos de perfil públicas. No Brasil, esse percentual sobe para 61%, segundo dados da pesquisa Panorama Mobile Time. Isso significa que a maioria dos brasileiros não apenas teve o número exposto, mas também sua imagem.

“Marca a exposição mais extensa de números de telefone e dados de usuários já documentada” — Aljosha Judmayer, pesquisador da Universidade de Viena

O Que Isso Significa Para Você?

Você pode estar pensando: “Ok, mas qual o problema de alguém saber meu número?”

A questão vai muito além disso.

Com seu número de telefone verificado e vinculado ao WhatsApp, criminosos podem:

  • Criar perfis falsos usando sua foto para aplicar golpes em seus contatos
  • Vender listas segmentadas de números ativos para empresas de spam
  • Cruzar seus dados com vazamentos anteriores para montar um perfil completo sobre você
  • Usar técnicas de engenharia social direcionadas, sabendo que você usa WhatsApp
  • Identificar padrões de comportamento através do status “online”

O risco não é apenas teórico. Números de telefone são a porta de entrada para diversos serviços digitais — de bancos a redes sociais. Com essa base de dados, golpistas têm uma lista pronta de alvos validados.

A Cronologia da Negligência

A linha do tempo desse caso levanta questões sérias sobre a prioridade que a Meta dá à segurança dos usuários:

Data Evento
2017 Primeira denúncia de vulnerabilidade similar no WhatsApp
Final de 2024 Pesquisadores iniciam testes e identificam a falha
Início de 2025 Coleta massiva de dados é realizada pelos pesquisadores
18 de abril Meta é oficialmente alertada sobre a vulnerabilidade
Abril a outubro Sete meses de silêncio e dados potencialmente sendo coletados
Outubro Meta finalmente corrige os limites da função de descoberta

Sete meses.

Esse foi o tempo que a Meta levou para corrigir uma falha que expunha dados de bilhões de pessoas. Para uma empresa que fatura mais de 130 bilhões de dólares por ano, essa demora é — convenhamos — no mínimo questionável.

E aqui vai um detalhe que incomoda: essa não é a primeira vez. Em 2017, uma vulnerabilidade semelhante já havia sido denunciada. Por que o problema se repetiu oito anos depois?

O Recorte Brasileiro: Somos os Mais Expostos

O Brasil tem uma relação única com o WhatsApp. Somos o segundo maior mercado do aplicativo no mundo, perdendo apenas para a Índia. Segundo a pesquisa Panorama Mobile Time, 96% dos smartphones brasileiros têm o WhatsApp instalado.

Essa dependência nos torna alvos ainda mais atrativos.

Os 206 milhões de números brasileiros expostos representam praticamente toda a população conectada do país. E com 61% desses usuários mantendo fotos de perfil públicas, a quantidade de informação disponível para exploração é gigantesca.

O Que Você Pode (E Deve) Fazer Agora

A correção da Meta não apaga o fato de que seus dados podem ter sido coletados. Mas existem medidas práticas que você pode tomar imediatamente para aumentar sua segurança:

  • Revise suas configurações de privacidade no WhatsApp: Vá em Configurações > Privacidade e ajuste quem pode ver sua foto de perfil, status e última vez online. Considere deixar essas informações visíveis apenas para “Meus contatos”
  • Ative a verificação em duas etapas: Isso adiciona uma camada extra de proteção caso alguém tente clonar sua conta. Vá em Configurações > Conta > Confirmação em duas etapas
  • Desconfie de mensagens inesperadas: Golpistas podem usar os números coletados para enviar mensagens direcionadas. Nunca clique em links suspeitos, mesmo que venham de contatos conhecidos
  • Monitore tentativas de acesso: Se você receber códigos de verificação do WhatsApp sem ter solicitado, alguém pode estar tentando acessar sua conta
  • Considere usar um número secundário: Para cadastros em serviços menos importantes, use um número diferente do seu principal

A segurança digital não deveria ser um privilégio de quem entende de tecnologia; deveria ser o padrão. E quando falamos de um aplicativo usado por praticamente todos os brasileiros conectados, esse padrão precisa ser inegociável.

Segundo informações oficiais, pesquisadores continuam monitorando possíveis novas vulnerabilidades. Enquanto isso, cabe a cada um de nós assumir o controle do que ainda podemos proteger: nossas configurações de privacidade.

O que nos leva a crer que a próxima brecha pode estar a apenas um descuido de distância — e a pergunta que fica no ar é se estaremos preparados quando ela for descoberta.

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