Galaxy Book 5 Edge: A Samsung Finalmente Acertou na Fórmula dos Notebooks ARM?

Notebooks com processadores ARM prometem autonomia de bateria estratosférica há, o quê, uns cinco anos? Você provavelmente já ouviu essa ladainha. A Samsung lançou ontem o Galaxy Book 5 Edge no Reino Unido, apostando novamente em chips Snapdragon para desafiar os gigantes Intel e AMD. A promessa? Até 27 horas de bateria e conectividade 5G integrada por cerca de R$ 6.600.

Mas convenhamos: será que dessa vez a tecnologia amadureceu de verdade — ou é mais uma promessa que derrete quando você abre o AutoCAD?

O Que Mudou Desde os Primeiros Fracassos ARM?

Notebooks ARM carregam um histórico… complicado, digamos assim. Lembra dos primeiros modelos que travavam até com o Paint? Pois é. A Samsung aposta que 2025 marca uma virada definitiva com o Snapdragon X (modelo X1-26-100): oito núcleos Oryon rodando até 2,98 GHz, mais uma NPU capaz de processar 45 TOPS para tarefas de inteligência artificial.

Os números impressionam no papel. A questão real, porém, é outra: você consegue rodar seus programas do dia a dia sem arrancar os cabelos? O Windows 11 com Copilot Plus PC promete compatibilidade turbinada através de emulação — mas aplicativos profissionais específicos ainda podem te pregar peças com travamentos ou performance que despenca até 30%.

É curioso notar que a indústria vem vendendo essa história da “revolução ARM” desde que a Apple provou que dá certo com os chips M. Mas há uma diferença brutal entre o ecossistema fechado da Apple e o caos organizado do Windows.

Snapdragon vs Intel: A Batalha Que Realmente Importa

A Samsung promete autonomia revolucionária. Mas note que a performance gráfica ainda fica atrás dos chips Intel de mesma categoria. Para trabalho remoto com planilhas, videoconferências e navegação? Funciona perfeitamente.

Agora, se você edita vídeos pesados em 4K ou roda softwares de engenharia… pense duas, três vezes.

O Que Muda Para Você na Prática?

Cenário Ideal: Você passa o dia entre cafés, coworkings e casa. Reuniões no Teams, documentos no Office 365, umas quinze abas abertas no navegador. A bateria de 61,2 Wh promete durar o dia inteiro sem aquela corrida desesperada atrás de tomada — algo que pouquíssimos notebooks Intel conseguem entregar.

Cenário Problemático: Você depende de software específico como AutoCAD, Adobe Premiere nativo ou ferramentas corporativas antigas. A emulação do Windows 11 ARM melhorou drasticamente, mas ainda existe o risco de incompatibilidade. Ou pior: aquela queda de performance sorrateira que transforma um trabalho de duas horas em três.

A conectividade 5G integrada é o diferencial silencioso aqui. Enquanto seus colegas brigam por Wi-Fi instável naquele coworking lotado, você mantém conexão própria — especialmente útil em grandes centros urbanos brasileiros onde 5G já é realidade.

Vale a Pena? A Análise Sem Firulas

Vamos ser diretos sobre três pontos críticos:

1. Maturidade do Ecossistema ARM

Em 2025, a situação melhorou drasticamente. Aplicativos populares como Chrome, Spotify, Zoom e o pacote Microsoft 365 rodam nativamente em ARM. Mas aplicativos de nicho ainda dependem de emulação.

Faça o teste: liste os cinco programas que você mais usa no trabalho e pesquise se têm versão ARM nativa. Essa pesquisa de dez minutos pode te poupar meses de frustração.

2. Custo-Benefício Real no Brasil

Por aproximadamente R$ 6.600 (se chegar ao mercado brasileiro), você compete com notebooks Intel Core i5 de 12ª ou 13ª geração que custam entre R$ 5.500 e R$ 6.800. A diferença? Você troca um pouco de performance bruta por autonomia e conectividade 5G.

Se mobilidade é prioridade, a conta fecha. Se você precisa de cavalo de pau computacional… talvez não.

3. Longevidade do Investimento

A NPU de 45 TOPS prepara o notebook para recursos de inteligência artificial que devem se tornar padrão nos próximos anos. Enquanto notebooks Intel mais antigos ficarão obsoletos rapidamente (especialmente sem NPU dedicada), modelos ARM tendem a envelhecer melhor em termos de eficiência energética.

O que nos leva a crer que, no longo prazo, essa aposta pode se pagar — desde que você não dependa de software legado crítico.

As Especificações Que Você Precisa Conhecer

O Galaxy Book 5 Edge traz configuração intermediária focada em produtividade:

• Tela IPS LCD de 15,6 polegadas com resolução Full HD (1920×1080) a 60 Hz
• 16 GB de RAM LPDDR5X (soldada — sem upgrade possível, infelizmente)
• 512 GB de armazenamento eUFS (mais rápido que SSDs SATA, mas abaixo de NVMe PCIe 4.0)
• GPU Adreno X1-45 com 1,7 TFLOPs de potência
• Windows 11 Home com recursos Copilot Plus PC

A escolha por tela Full HD em vez de 4K faz sentido estratégico: economiza bateria e mantém o preço competitivo. Para trabalho com documentos e planilhas, a resolução é mais do que suficiente. Mas se você trabalha com edição de fotos profissionalmente? Vai sentir falta de um painel mais denso.

E aquela RAM soldada é um ponto de atenção: dezesseis gigabytes são adequados hoje, mas daqui a três anos você não poderá dar aquele upgrade salvador.

O Veredito Para o Usuário Brasileiro

O Galaxy Book 5 Edge representa um ponto de inflexão interessante. A Samsung não está mais tentando convencer você de que ARM é o futuro distante — está entregando um produto funcional para necessidades específicas de hoje.

Compre se: Você prioriza autonomia extrema, trabalha predominantemente em nuvem (Google Workspace, Microsoft 365), precisa de 5G integrado e não depende de software legado corporativo. Se sua rotina se resume a navegador, e-mail e videoconferências, esse notebook pode ser uma revelação.

Evite se: Sua rotina exige softwares específicos sem versão ARM, você precisa de performance gráfica para edição pesada ou simplesmente prefere a segurança da compatibilidade total do ecossistema x86.

No fim das contas, a questão não é mais “notebooks ARM funcionam?”. Essa discussão já passou. A pergunta certa agora é: “este notebook ARM funciona para o MEU trabalho?”.

E essa resposta, convenhamos, só você pode dar depois de avaliar honestamente suas necessidades reais — não as que o marketing promete resolver com aquele vídeo de trinta segundos de alguém sorrindo num café minimalista.