Ausência de diálogo interno: o que isso significa para a memória e o processamento verbal?
Sabe aquela vozinha que está sempre conversando com você na sua cabeça? Pois é, ela é mais importante do que você imagina. Mas, acredite se quiser, entre 5 a 10 porcento da população não tem essa experiência de forma consistente. E isso, segundo pesquisas, pode trazer desafios específicos relacionados à memória verbal e outras habilidades cognitivas.
Anendophasia: a ausência de voz interior
Essa ausência de diálogo interno, recentemente batizada de anendophasia, foi o foco de um estudo pioneiro publicado na revista científica Psychological Science. E os resultados são surpreendentes.
Memória verbal e a anendophasia
No primeiro experimento, os participantes foram desafiados a lembrar palavras com grafias ou sons semelhantes, como comprado, capturado, tenso e verruga. Os anendofásicos, como são chamados aqueles sem voz interior, tiveram um desempenho significativamente inferior nessa tarefa. Isso indica uma dificuldade em associar e memorizar palavras sem uma repetição mental interna eficaz.
Processamento fonético e a anendophasia
Em outro experimento, os participantes foram solicitados a identificar rimas em pares de palavras. Novamente, os anendofásicos demonstraram menor habilidade na identificação de rimas, sugerindo desafios no processamento fonético interno necessário para essa tarefa de memória verbal.
Esses achados sugerem que a falta de uma voz interior prejudica a capacidade dos indivíduos de associar e comparar sons entre palavras, impactando negativamente o desempenho em tarefas que exigem processamento fonético e memorização verbal.
Implicações da anendophasia
As implicações comportamentais dessa condição ainda não estão completamente compreendidas. Mas os resultados preliminares indicam que a falta de monólogo interno pode afetar seletivamente certos aspectos da memória e do processamento verbal. Essas descobertas têm o potencial de influenciar áreas como a terapia cognitivo-comportamental, onde padrões de pensamento e linguagem interna desempenham um papel crucial no tratamento de distúrbios mentais.
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